Guru Purnima

Guru Purnima

from Hinduism Today magazine (tradução de Gustavo Cunha)

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Honrar os Professores Iluminados

As escrituras Hindus declaram que mais valiosos que ouro, e ainda mais raro, é um guru, um conhecedor das verdades espirituais, também chamado de satguru. Um guru é o melhor amigo do devoto, um pai e uma mãe, um confidente de confiança e um mentor exigente e um guia no caminho para Deus. O guru personifica tudo o que o aspirante espiritual deseja ser; no guru, uma pessoa vê o seu próprio potencial infinito. Os Hindus reverenciam esses raros líderes durante Guru Purnima, a lua cheia em Junho/Julho, no mês Hindu de Ashada.

O que é Guru Purnima?

Guru Purnima é a festividade anual que honra os professores espirituais, preceptores e mentores que removem a escuridão da ignorância e trazem a sabedoria e iluminação. Purnima é a palavra Sânscrita para lua cheia.

Quais são os costumes de Guru Purnima?

Neste dia especial todos os pensamentos de uma pessoa estão focados no santo preceptor, sintonizando-se com a sua mente, meditando nos seus ensinamentos e expressando gratitude pelas suas bênçãos e orientação. Em ashrams, mosteiros, salões e altares caseiros, os Hindu reúnem-se para venerarem o guru da sua linhagem. A primeira actividade é um ritual formal, chamado puja, no qual os seus pés ou um par das suas sandálias são reverenciadas. Nos maiores centros do guru, a puja é um grande evento, precedida por uma procissão festiva. É especialmente auspicioso fazer peregrinações ao ashram ou mosteiro do guru neste dia.

Porquê que a lua cheia de Ashada é o dia do guru?

Na Índia, este dia marca o início dos quatro meses da época das monções. Tradicionalmente, os santos mendicantes não vagueiam durante este tempo inclemente, mas fixam-se em acampamentos temporários onde os devotos se reúnem para receberem a sua sabedoria. O primeiro dia de aprendizado era dedicado a reverenciar o preceptor, e acredita-se que este hábito tornou-se conhecido Guru Purnima. A lua cheia também é conhecida como um tempo propício para atingir realização, plenitude e progresso espiritual, e para iniciar todos os novos empreendimentos.

Porquê que os pés do guru são o foco da reverência?

De acordo com a tradição, a presença de Deus pode ser mais clara e completamente sentida no satguru iluminado. Sentar a seus pés é estar próximo de Deus e do nosso próprio Ser. Todas as correntes nervosas terminam nos pés. Pontos de energia vital relacionados com todos os órgãos dos seus corpos físicos e internos – astral, mental, e alma – estão lá. Tocamos os pés e nós tocamos o mestre espiritual. Venerar os pés do guru é também o reconhecimento do nosso profundo respeito e o entendimento que seguindo as suas pegadas iremos atingir a perfeição espiritual.

Os gurus são venerados como Deus?

Algumas comunidades Hindus veneram os seus gurus como a personificação de Deus, e podem mesmo reverenciá-lo como um avatar. Mas, a maior parte dos Hindus, vê o seu guru como uma grande alma iluminada na qual a presença de Deus é mais fortemente visível.

Factos sobre o Guru

Qual é o papel do guru?

A tarefa do guru é levar os aspirantes a Deus. Ele coloca almas no caminho espiritual, corrige aquelas que se desviam, acalma karmas, inspira a uma prática vitalícia e, através de iniciações, desperta o conhecimento supraconsciente do buscador. Ele ajuda-nos a tornarmo-nos conscientes dos nossos pontos fracos e fortes e dá-nos ferramentas para ultrapassarmos fraquezas e aperfeiçoarmo-nos. O guru, conhecedor das escrituras Hindus, dos tratados sagrados, práticos e filosóficos, tem a capacidade de ajudar-nos a descodificar o seu significado esotérico para compreendermos à medida que estudamos. Ele guia-nos nas nossas meditações, ajudando-nos a navegar a mente e, por fim, a transcênde-la

O que é darshan?

Darshan, literalmente “visão”, é o encontro místico entre guru e devoto. Os Hindus viajam longas distâncias para vivienciar darshan e receber a benção de uma alma iluminada estabelecida no seu esclarecimento. Os hindus acreditam qye o poder espiritual, chamado shakti, vindo de uma grande alma acelera a sua evolução espiritual, muda padrões na sua vida através da purificação do seu subconsciente, renovando o seu espírito e compromisso com a vida religiosa.

Os gurus são todos monjes renunciantes?

Os professores espirituais Hindus podem ser renunciantes celibatários ou casados. Muitas instituições Hindus são dirigidas por eruditos que seguem a vida familiar. A maior parte dos gurus, no entanto, são monjes celibatários – swamis, sadhus ou acharyas – que renunciaram à vida mundana e receberam iniciação numa ordem monástica.

Os gurus estão têm alguma organização central?

O Hinduísmo é, na verdade, uma multitude de fés e linhagens livremente unidas por crenças e práticas comuns. Não existe uma organização central. Cada guru, dentro da sua esfera de devotos é a autoridade em assuntos religiosos, a sua sabedoria é procurada e as suas palavras obedecidas. Alguns, ou algumas, são chefes de instituições com muitos seguidores, enquanto outros, ou outras, são sadhus que vivem em reclusão e raramente aparecem em público.

Oferendas tradicionais

Quando se visita um guru, como quando se vai a um templo, os devotos levam uma oferenda, como flores, fruta (uma lima é tradicional) e, para os gurus renunciantes, um pedaço de pano não-cosido. Estes itens são apresentados num cesto ou numa bandeja de metal. Um donativo em dinheiro, chamado dakshina, envolto em folha de bétele é, muitas vezes, incluído. Antigamente, os reis ofertavam ouro aos gurus e os ricos ofereciam vacas para sustento das suas escolas e permitir-lhes partilhar livremente sabedoria.

Factos & Ficção

FACTO: Os Hindus consideram a mãe como a primeira guru da criança. Ela e o pai são responsáveis pelo crescimento, bem-estar e educação da sua prole. A dada altura, o jovem pode recorrer a um satguru para iniciar o seu treino espiritual.

FICÇÃO: Algumas pessoas incorrectamente criticam o Hinduísmo como uma fé negadora do mundo que sobrevaloriza o ascetismo e a austeridade. Na realidade, enquanto que o seu largo contingente de monjes celibatários seguem no caminho da renúncia, yoga e meditação profunda, a vasta maioria dos Hindus são chefes de família dinamicamente comprometidos com a vida familiar, carreira e serviço comunitário. A tradição ratifica a busca de quatro metas: rectidão, riqueza, prazer (incluindo sensual) e libertação.